quarta-feira, 15 de julho de 2009

MÃOS

"As suas mãos onde estão? (Pernambuco/Antônio Maria) Onde está o seu carinho? Onde está você?" Minhas mãos são pequenas. Desproporcionais para o meu tamanho. Minhas unhas não crescem, quebram-se, são fracas, então não uso esmalte. Falava com a boca e as mãos como todo bom descendente de italianos. Minhas mãos fazem milhões de coisas: gestos, tricotam, fazem crochê, bordam, cozinham, e acima de tudo, acarinham. Gosto de pegar nas pessoas. Sou carinhosa com os homens. Tenho a pele das palmas, muito finas, elas então são macias. Elas ficam transparentes no banho e vejo todas as veiazinhas azuis. As vejo até sem molhá-las. Gosto de homens com mãos bonitas, para talvez, compensar as minhas, que são meio infantis. Elas não se contêm em tocar os meus homens. Cabelos, pele, as mãos. Adoro passar as mãos nos meus cabelos, em todos os cabelos, principalmente dos bebês. Minhas mãos agora, andam menos inquietas. Gesticulo menos, menos acaricio. Talvez minha contenção tenha a ver com um pouco de receio. Na minha cabeça, se eu não toco, então não há perigo de intimidade. Diferente do beijo, o toque pode ser mais íntimo. Repare como as pessoas trocam apertos de mãos com você e pode julgar o nível de confiança e intimidade que elas querem passar. Mãos moles, argh! Os apertos fortes são mais animadores. Beijo as faces de várias pessoas, mas não as acaricio. Acho que estou mais mecânica, desumanizada. Estou com medo de tocar. Dizem que há prostitutas que não beijam os clientes na boca: acho que elas não deviam acariciar. As mãos embalam bebês, enxugam lágrimas, excitam os amantes. As mãos são sagradas.

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