quarta-feira, 18 de abril de 2012

Blogar ou Não blogar? Eis a questão.

Outro dia alguém me perguntou por que parei de "blogar" e a resposta é muito simples. Parei porque não sou escritora. Ou melhor, às vezes “faço uma visitinha lá” (ou seja, aqui). 
Rilke pode explicar melhor: “... Volte-se para si mesmo. Investigue o motivo que o impele a escrever; comprove se ele estende suas raízes até o ponto mais profundo do seu coração, confesse a si mesmo se o senhor morreria caso fosse proibido de escrever. Sobretudo isto: pergunte a si mesmo na hora mais silenciosa da madrugada: preciso escrever?...” 
(Cartas a Um Jovem Poeta) 

Pois é. A minha resposta é não. 
Não morreria se me fosse proibido escrever e não, não preciso escrever. 
A escrita libera algumas vezes a angústia, a perplexidade ou a opressão. É direito de qualquer um rascunhar algumas bobagens, mas devo ser esporádica ou corro o risco de ser facilmente tachada como farsante ou pior, má escritora. 
Com a leitura, vem a sensação libertária. Façam a adaptação para o cinema, mas o meu livro/filme, pertence a mim. Interpretações, estudos, resenhas; nada importa. A minha viagem nunca é igual à de outro. 
Preciso desesperadamente de ler. 
Leio compulsivamente em qualquer espaço e tempo sem ter que satisfazer a ninguém, só a mim mesma. 
Leio bula de remédio, rótulo de shampoo, manuais técnicos, retalhos de jornais, vergonhosas pichações em paredes e monumentos, letreiros, placas, outdoors. Leio slogans, panfletos, encartes, capas, revistas, gibis, blogs, posts e obviamente livros. 
Leio meu rosto todos os dias e também o de algumas pessoas queridas. 
Só não leio a sorte na palma da mão e dou graças a Deus. 
Era só o que me faltava.