quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

TEMPESTADE


Lá fora cai a chuvarada.
A mesma que tem feito tantos estragos e tragédias mas, que na época correta é boa para a agricultura, faz vicejar os jardins, diminui o calor nas metrópoles e acolhe os amantes com seu som.
Eu sei, vão dizer que é politicamente incorreto dizer que adoro a chuva, mas o barulho das águas, os trovões e raios, são meu interior com as lágrimas que não consigo verter.
A tempestade interna que às vezes controlo e às vezes não.
Há muito tempo, meu amigo Pedro Paulo já havia compreendido e me apelidava de "Tempestade e Ímpeto" e eu ficava brava, mas ele foi o primeiro a enxergar a verdade.
As pessoas viam algo e não sabiam interpretar.

Meu orixá é Iansã dos raios e tempestades (Santa Bárbara), meu santo de devoção é São Jorge da Capadócia e no horóscopo chinês, sou Dragão.
Com tanta energia assim, não é de se estranhar que eu seja brava (defeito que procuro evitar só com meus sobrinhos), mas hoje em dia para brigar com alguém é preciso que se ultrapasse todos os limites, todos mesmo.
Ainda brigo muito comigo mesma, quase sempre saio perdendo e sou obrigada a capitular. Não sou competitiva com os outros, mas sou implacável comigo.
A chuva me amolece e me deixa bobona, calma.
Parece que a tempestade sai de mim e vai para fora, para as ruas.
Espero não ter nenhum desses poderes de super-heróis de quadrinhos ou seres míticos que influenciam o clima com seus humores e sentimentos, pois se for este o caso, choverá muito ainda esse ano.
 

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

MEU CÉREBRO É DIVIDIDO EM DOIS CORAÇÕES



Do que adianta um cérebro privilegiado se ele é dividido por dois sentimentos que se manifestam no coração contra a minha vontade?
Não há como mudar. Nem todos os livros, informações, enxurradas de canções e poesia, me farão diferente daquilo que sou hoje.
As faltas , falhas, alegrias ou decepções.
A depressão, os remédios, os sentimentos ou a falta deles.
O cérebro, não pára nunca.
Milhões de perguntas sem respostas, respostas para perguntas que já não importam mais e uma desesperada sede de aprender.
Tem gente que pensa que fiquei com depressão porque meu cérebro tem maior poder que a utilização dele.
Será?
Se for estou ferrada, pois não tenho nenhum plano para a utilização desse tal "saber" todo que na verdade considero cultura inútil. São palavras e temas para conversas de boteco.
Minha alma está presa ao meu coração que agora está curado e desimpedido e é só o que importa.
Quanto ao cérebro, nunca se sabe o que vai acontecer no próximo milésimo de segundo, porque ele não pára nunca.
Acho que quero o controle da minha vida, mas é uma farsa. O descontrole é que me faz andar para frente, sempre assim, sem amarras.
A loucura, o descontrole, a paixão, a fome de viver é que faz minha vida valer a pena.
Sem isso sou um cérebro "privilegiado" que pensa mais do que devia, mas não chega a nenhuma conclusão.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

MINHA TORRE DE BABEL

Picture by Atsiluap

O quanto é necessário acumular de miscelâneas que enchem nossas prateleiras, gavetas e armários para termos uma falsa sensação de felicidade?
Tenho 45 anos e uns 450 CDs. São em média 10 por ano se eu fosse contar à partir do meu nascimento. Porque tudo isso?
Provavelmente, a quantidade de livros é mais ou menos a mesma, se não for maior, sendo que o livro mais antigo, comprado com minha própria mesada, tem a data de 1976, ou seja, tinha 12 anos.
Não sou a Imelda Marcos, mas tenho 55 pares de sapato e 2 tênis.
Não vou contar minhas roupas. Camisetas, casacos, blusas, calças, bermudas shorts, etc, etc, etc.
Alguns, usei só uma vez e nem vou falar também sobre acessórios e bijouterias.
Tudo isso é a minha felicidade?
Certamente que não.
Mas quando digo que não vou me casar mais, a coisa passa a ser ridicularmente patética.
As pessoas imaginam que meu casamento não foi bom e sou frustrada. Nada disso!
A piada é se o cara vier morar comigo, não tenho espaço para as coisas dele e, se eu for morar com ele, minhas coisas não vão caber MESMO.
Faço o que?
Desfaço das coisas que acumulei durante toda minha vida de consumo?
Vendo meus CDs e livros para o sebo e as roupas para um brechó?
Ou devo escolher o que vou desfazer ou ficar........ Vendo Carmen de Bizet (a primeira ópera gravada pela Maria Callas em francês) ou a Tosca de Puccini com a Kiri Te Kanawa? Já sei! Vendo as Bachianas Brasileiras do Villa-Lobos, executada pela Royal Philharmonic Orchestra!
Vendo minha coleção de Jorge Luis Borges ou meus livros de pesquisa da indumentária?
Na verdade, não vendo nada.
Confesso que sou generosa e as roupas e sapatos, não me preocupam muito, mas meus livros e minhas músicas, sem chance.
Não são objetos simples. Cada um tem um pedacinho da minha história na vida que separados não fazem sentido, mas juntos, formam um bocado do que sou. Alguns tem história, outros foram presenteados, enfim, são meus, sou eu.
Desfazer deles, é como se desfazer de mim mesma aos poucos.
Você acha fútil?
Talvez...
Sinto muito mas não vai ser resolvido assim e a minha Torre de Babel, vai continuar crescendo até eu não poder adquirir mais nada na vida.