Lá fora cai a chuvarada.
A mesma que tem feito tantos estragos e tragédias mas, que na época correta é boa para a agricultura, faz vicejar os jardins, diminui o calor nas metrópoles e acolhe os amantes com seu som.
Eu sei, vão dizer que é politicamente incorreto dizer que adoro a chuva, mas o barulho das águas, os trovões e raios, são meu interior com as lágrimas que não consigo verter.
A tempestade interna que às vezes controlo e às vezes não.
Há muito tempo, meu amigo Pedro Paulo já havia compreendido e me apelidava de "Tempestade e Ímpeto" e eu ficava brava, mas ele foi o primeiro a enxergar a verdade.
As pessoas viam algo e não sabiam interpretar.
Meu orixá é Iansã dos raios e tempestades (Santa Bárbara), meu santo de devoção é São Jorge da Capadócia e no horóscopo chinês, sou Dragão.
Com tanta energia assim, não é de se estranhar que eu seja brava (defeito que procuro evitar só com meus sobrinhos), mas hoje em dia para brigar com alguém é preciso que se ultrapasse todos os limites, todos mesmo.
Ainda brigo muito comigo mesma, quase sempre saio perdendo e sou obrigada a capitular. Não sou competitiva com os outros, mas sou implacável comigo.
A chuva me amolece e me deixa bobona, calma.
Parece que a tempestade sai de mim e vai para fora, para as ruas.
Espero não ter nenhum desses poderes de super-heróis de quadrinhos ou seres míticos que influenciam o clima com seus humores e sentimentos, pois se for este o caso, choverá muito ainda esse ano.