sexta-feira, 25 de setembro de 2009

A QUEM POSSA INTERESSAR......

Desenho de M.C. Escher


Sonhei com você ontem à noite.
Pensei que nunca mais aconteceria, mas pelo visto, não tenho controle sobre o meu inconsciente que, algumas vezes me ajuda, em outras me sabota.
Não foi um sonho ruim. Foi mais como uma névoa. Um sonho da qual não me lembro detalhes.
Sem angústia, ódio, mágoa, sexo, amor. Sem nada.
A minha estranheza vem daí. Da falta de alguma coisa.
Parece que todos os sentimentos se foram e ficou um vazio que se recusa a ser preenchido.
Um buraco negro.
Acho eu, que deveria estar dando pulinhos de alegria, pelo esquecimento, mas não é o que está acontecendo.
Tantas coisas se passaram depois de nós (ou devo dizer, de mim) que não consigo sentir essa utópica felicidade. Aliás, nem felicidade e nem tristeza. Nada.
Não sinto nada.
Sou um vazio que escreve num blog para conseguir colocar no papel, aquilo que não consigo com as palavras verbalizar.
Palavras. Tão importantes para mim. Meu amor pela linguagem.
Antes o exercício de escrever, tampava o buraco, hoje, parece que não basta.
Preciso de mais.
Não sei viver sem sentir nada.
Minha necessidade de sentir algo é preemente. Como se me faltasse o ar.
Bem sei que você não tem nada com isso, mas por mais incrível que pareça, sinto que você é a pessoa que mais me conhece em todo mundo, apesar de eu não conhecê-lo como eu queria ou deveria.
Mas isso não importa.
O importante é minha sensação avassaladora de que você e mais ninguém pode compreender.
Apesar de tudo.
Apesar de todo sentimento que houve e não houve.
Não se sinta obrigado a nada. Você nunca se sentiu, eu acho.
Foi só um desabafo.
Só uma pegada de ar bem forte com meus pulmões.
Um respiro bem profundo.
Se ainda acompanhar o meu blog, obrigada por ler.
Obrigada mesmo.


Para L.



quinta-feira, 24 de setembro de 2009

FALANDO MAL DE MIM


"As mulheres existem para que as amemos, e não para que as compreendamos" Oscar Wilde.

Apesar de gay (quase assumido), dândi,  brilhante escritor e casado por conveniência, como Cole Porter, Wilde conseguiu escrever sobre a mulher de forma muito interessante.

Recebi alguns telefonemas de amigos reclamando sobre o texto anterior em que eu desanco o sexo masculino, sendo assim, resolvi falar mal das mulheres, e hoje, com quarenta e cinco anos, acho que sirvo como uma boa amostragem do sexo feminino. Não sou santa e nem pretendo ser. Tenho minha cota de grandes defeitos que espero ter listado com a franqueza que faz parte da minha personalidade.

- Sou passional ao extremo. Viro uma fera e num instante viro uma "mamma" italiana.
- Choro por qualquer coisa. Qualquer coisa mesmo.
- Sou ciumenta, mas finjo bem. Não demonstro.
- Sou fútil à minha maneira (acho que todas nós somos), tenho mais sapatos que alguém poderia precisar na vida.
- Sou vaidosa, mas me visto para competir com outras mulheres, não para agradar aos homens.
- Não gosto de gente burra (pretensão e maldade da minha parte).
- Sou perfeccionista e detesto errar.
- Costumo ser influenciada a perdoar quem não merece (a famosa bobona).
- Não tenho senso de direção.
- Sou insegura em relação a minha aparência.
- Sou inepta com ferramentas, mas as adoro. Insisto em usá-las, mesmo que o trabalho fique uma merda. Alicates, chaves de fenda, martelo, chaves de boca, me fascinam.
- Posso ser manipuladora com os homens (outro defeito que acho que as mulheres compartilham). Posso chantageá-los com carícias ou lágrimas de crocodilo.
- Sou extremamente dependente dos homens. Surpresos? Pois é. Passo uma "imagem" de fortaleza que não existe em mim, mas estou me esforçando.
- Falo demais e consigo me fingir de boba quando quero ou......
- Posso ficar muda por horas. O silêncio embaraça o outro, não a mim.
- Sou teimosa. Posso não mudar de idéia só de raiva.
- Sou monogâmica, mas se for traída e descobrir, dou o troco com a consciência tranquila de um mafioso.
- Tenho fixação pela franqueza. Não sou mal educada, mas se abrir espaço ou me sentir magoada, falo sem dó nem piedade.
- Sou uma cretina quando desprezada. Ponho o dedo bem fundo na ferida do outro.
- Sou sexualmente provocadora , sem-vergonha e lasciva.
- Sou muito racional e tenho uma tendência horrível a ser muito linear.
- Por fim, sou egoísta. Sou saudável, mas me recuso a ter filhos.

Espero que tenham ficado satisfeitos com minha lista de defeitos mas  não me telefonem para reclamar. Mandem e-mail ou comentem no blog.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

UM HOMEM É UM HOMEM........

"...Um homem é um homem, no que vê e no que consome..."
Guimarães Rosa - Grande Sertão: Veredas

Não tenho nenhuma intenção de escrever sobre o sub-texto ou nada parecido com  um "estudo" ou tese sobre a frase acima.
Vou falar dos homens.
Consomem.
Eles podem nos consumir, nos arrasar e nos destruir.
São crianças buscando o modelo ideal que os satisfaça como foram criados por suas mamãezinhas.
Mimados em seus desejos e minados em coragem. Força, só física.
Os altos, os magros, os gordos, os carecas, os míopes, os sarados; todos desfilando seu  orgulho de macho possuidor de um orgão ejaculador.
Grandes centralizadores do próprio sofrimento e do sofrimento alheio.
Herméticos.
Não merecemos sermos amigas e ouvintes, só vistas e consumidas. Por vezes exibidas como um troféu, e outras vezes somos escondidas como uma coisa "vergonhosa".
Covardes, temem os sentimentos, não os esportes radicais.
A bela há de ser coroada com um pouco de inteligência, mas que não seja tão inteligente quanto ele.
Na verdade, a fórmula é quase mágica:
Bonita = burra
Feia    = inteligente
Nos querem dóceis e prontas.
Satisfação garantida ou o telefone não toca nunca mais.
Desculpas irrelevantes, fantasiosas justificativas, pois o medo impera no relacionamento.
Compromisso, péssima palavra, mesmo que não queiramos nos casar ou morarmos com o cara.
Sempre se sentem traídos, esperam os chifres.
Não são honestos quando querem nos despachar, pois o homem quando está confuso, já tem outra e não tem colhões para contar.
Esperam sempre que façamos o serviço sujo; o término da relação para se sentirem bonzinhos e condescendentes. Com a consciência tranquila, nós é que somos as loucas histéricas.
Pretensiosos alguns, acham que estamos apaixonadas, quando na verdade queremos sexo casual e se iludem achando que somente eles pensam nisso.
Mulheres consideradas "poderosas" são as que sofrem mais. Com a imagem de fortaleza, não merecem carinho, colo ou afago.
Mulher é uma xoxota ambulante depilada em vários locais, perfumada, bonita.
Pronta para ser consumida.
Isso sem contar com as mulheres "muleta". Vinte e quatro horas por dia inflando o ego do sujeito que é um bosta e não se acha capaz, e quando ele se dá conta de que pode se virar (todos podemos), a "muleta" é deixada para trás. O "pé" já curou.
A melhor descrição de amor, é aquela das prostitutas do Chico, em Ópera do Malandro:

VIVER DO AMOR

Pra se viver do amor
Há que esquecer o amor
Há que se amar
Sem amar
Sem prazer
E com despertador
- como um funcionário

Há que penar no amor
Pra se ganhar no amor
Há que apanhar
E sangrar
E suar
Como um trabalhador

Ai, o amor
Jamais foi um sonho
O amor, eu bem sei
Já provei
E é um veneno medonho

E é por isso que se há de entender
Que o amor não é um ócio
E compreender
Que amor não é um vício
O amor é sacrifício
O amor é sacerdócio
Amar
É iluminar a dor
- como um missionário

Hoje, gostaria de ser gay.
Infelizmente minha libido não permite.

sábado, 12 de setembro de 2009

SEXO NO CARRO


Todo mundo acho, já transou em um carro.
Minha vida sexual ativa, começou como a de muitas outras adolescentes com amassos no carro.
Amassos que evoluíram para sexo. Éramos muito jovens e não tínhamos dinheiro e nem para onde ir.
Às vezes era desconforto puro, às vezes era puro tesão.
Transei com meu primeiro parceiro muitas vezes em um carro. Era um Fiat 147 beige, horrível, um aperto só. Depois motel, casamento, divórcio.
Após o divórcio, transei com um namorado na Avenida Barbacena, num carro enorme, acho que era um Del Rey. Chovia torrencialmente e ficamos bem à vontade sem medo de indiscrições. Me lembro de ter achado ótimo.
Namoramos por quatro anos e desde então acho que nunca mais senti o gostinho de transar numa lataria em quatro rodas.

No passado, carro para mim tinha um quê de fetiche. Existia uma mistura de excitação e um certo terror de ser pêgo pela polícia ou algum voyer.
De qualquer maneira, minhas lembranças são ao mesmo tempo agradáveis e divertidas. Nunca ruins, apesar do desconforto.

Nunca quis aprender a dirigir.
É claro que já aprendi, mas também já esqueci. Não tirei carteira de motorista.
Hoje em dia, meu conhecimento sobre carros é absolutamente idiota. Não reconheço uma marca da outra.  Não presto atenção.
Carro para mim, é um veículo automotor para transporte.

Escrevo esse texto hoje, porque me lembrei de um pedido:
Um moço tinha um carro. Um desses grandes, caminhonete, cabine dupla.
Ele disse: vou vender esse carro.
Eu disse: me avisa quando, para a gente poder transar nele antes da venda.

Será que ele vendeu?
Não sei dizer, mas foi a primeira vez em uns vinte anos, que quis fazer sexo em um carro novamente.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

SUSSURROS

Te amo, te amo.
Um amor delicado. Com cheiro de pimenta e cravo.
Um amor sussurrante. Deliberadamente sussurrante.
Com uma voz bem baixinha, segredos no ouvido.
Palavras suaves, palavras sujas, sempre baixinho.
Que ninguém nos ouça, mas que não fiquemos calados.
Te amo sem dor. Seu calor me anima. Sou como um bichinho.
Um bichinho em seu colo.
Sussurra, sussurra, te amo, te amo.
Afaga meus cabelos que eu beijo seus olhos.
Me leva pra longe no meio das árvores.
Deitados na grama olhamos as montanhas.
Me leva pra longe.
Me abraça e sussurra.
Te amo, te amo.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Aniversário

E assim a vida me deu uma rasteira.
O tempo passou e eu só percebi que fiquei velha ao me olhar no espelho; atentamente, sonhando que amanhã tudo vai mudar.
E muda. Muda com uma rapidez extraordinária que não posso controlar. Ninguém pode.
O hoje vira passado amanhã, assim como todos os outros dias ininterruptamente, sem chance de corrigir aquilo que um dia atrás fiz de forma errada.
Só me resta os sonhos. Sonhos de um novo amor, sensações novas a experimentar e sempre a certeza que este dia duro, talvez seja substituído por um amanhã mais ameno, suave. Mais calmo e tranquilo. Não me deixo enganar nem por um instante de que a vida nos traz infelicidades, mas alegrias e a grande roda continua a girar infinitamente como um uróboro.
Algumas vezes foi fácil, outras, difícil, mas carrego minha carga de experiências como toda a humanidade. Não sem ilusões de que um dia ela fique mais leve.
A contrapartida, é saber que a cada dia que transcorre amadureço mais, fico mais forte para sobreviver. E todas as manhãs, ao olhar-me no espelho, percebo os traços que vão marcando os dias da minha existência.
Saio recolhendo os pedaços efêmeros das minhas vivências como a de todos os mortais - um aqui, outro acolá.
Hoje, só o que realmente me machuca, é a saudade. O resto, encaro de frente sem medo, mas a saudade, essa, não consigo dominar.
Palavra odiosa que faz com que eu me sinta inútil perante minhas decisões tão racionais e lineares. Palavra bruta que desperta em mim emoções que resolvi enterrar bem lá no fundo do meu poço de esperança.
Sim. A saudade sem esperança, corrói todas as minhas equações lógicas, todas as racionalizações que me esforço tanto para colocar em prática.
Para não pensar.
Para esquecer.
Dia oito faço quarenta e cinco anos.
Sou Tempestade e Ímpeto, sem Goethe.
Feliz Aniversário para mim.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

AS BOAS COISAS DA VIDA

Já escrevi sobre este tema, mas acho que foi no outro blog. De qualquer forma, fiz uma outra lista (virginiano adora listas).
- Transar escutando música
- Não transar, mas dormir abraçados no inverno
- Colo e cafuné
- Chorar à vontade sem ninguém por perto
- Beijo na boca
- Beijo na nuca
- Beijo na palma da mão
- Enfim, beijo em todos os lugares possíveis
- Nadar pelada
- Ficar até mais tarde na cama aos domingos
- Tomar sorvete com aditivos engordativos (hehehe)
- Ganhar flores
- Roubar comida do prato do outro quando ele não está olhando
- Ler sossegada
- Usar o banheiro sozinha
- Deixar ele lavar seu cabelo e esfregar suas costas
- Andar descalça e só de camiseta em casa
- Ser acordada no meio da noite para transar
- Andar de mãos dadas
- Dar um amasso no carro na garagem do prédio
- Pegar na coxa dele por debaixo da mesa no boteco
- Escutar sacanagem sussurrada em cerimônia solene
- Se atrapalhar naquela posição esquisita do Kama Sutra e morrer de rir
- Tomar cerveja na varanda com sol
- Transar na rede
- Precisar sair correndo de uma festa por causa do tesão
- Morar em casas separadas
- Não torcer pelo mesmo time
- Ver filme de terror agarrada no braço dele
- Colocá-lo no colo quando ele chegar cansado