quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Aniversário

E assim a vida me deu uma rasteira.
O tempo passou e eu só percebi que fiquei velha ao me olhar no espelho; atentamente, sonhando que amanhã tudo vai mudar.
E muda. Muda com uma rapidez extraordinária que não posso controlar. Ninguém pode.
O hoje vira passado amanhã, assim como todos os outros dias ininterruptamente, sem chance de corrigir aquilo que um dia atrás fiz de forma errada.
Só me resta os sonhos. Sonhos de um novo amor, sensações novas a experimentar e sempre a certeza que este dia duro, talvez seja substituído por um amanhã mais ameno, suave. Mais calmo e tranquilo. Não me deixo enganar nem por um instante de que a vida nos traz infelicidades, mas alegrias e a grande roda continua a girar infinitamente como um uróboro.
Algumas vezes foi fácil, outras, difícil, mas carrego minha carga de experiências como toda a humanidade. Não sem ilusões de que um dia ela fique mais leve.
A contrapartida, é saber que a cada dia que transcorre amadureço mais, fico mais forte para sobreviver. E todas as manhãs, ao olhar-me no espelho, percebo os traços que vão marcando os dias da minha existência.
Saio recolhendo os pedaços efêmeros das minhas vivências como a de todos os mortais - um aqui, outro acolá.
Hoje, só o que realmente me machuca, é a saudade. O resto, encaro de frente sem medo, mas a saudade, essa, não consigo dominar.
Palavra odiosa que faz com que eu me sinta inútil perante minhas decisões tão racionais e lineares. Palavra bruta que desperta em mim emoções que resolvi enterrar bem lá no fundo do meu poço de esperança.
Sim. A saudade sem esperança, corrói todas as minhas equações lógicas, todas as racionalizações que me esforço tanto para colocar em prática.
Para não pensar.
Para esquecer.
Dia oito faço quarenta e cinco anos.
Sou Tempestade e Ímpeto, sem Goethe.
Feliz Aniversário para mim.

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