domingo, 28 de junho de 2009
Aula de Anatomia - Rembrandt
sábado, 27 de junho de 2009
ISAAC, O JUDEU
quinta-feira, 25 de junho de 2009
Bonsai
Há semanas no mesmo ambiente, correria em salas de uma empresa que entrava no mercado.
Nada pessoal, ninguém em especial, trabalho para manter mente e olhos entretidos por séculos.
Demanda por apoio especializado.
Foi ali.
Reverbera como se fosse hoje aquela fisgada de tantos anos atrás.
Formalmente apresentados e, num instante, os olhos de um e outro se disseram que seria para sempre.
As manhãs, tardes, os turnos seguintes nunca foram tão esperados.
As razões para se envolverem em tarefas comuns se multiplicaram.
Disfarçavam o indisfarçável pedindo pareceres, compartilhando trabalho e errando a entrada de salas para terem o prazer, que fosse, de respirar no mesmo ambiente.
E como acabavam num estalo estes dias que passaram como que em segundos, o boa noite era demorado, com tantas voltas, e com passos de quem não desejava ir embora.
Doces,
irônicos,
delicados,
tinham tudo.
Devassos, eram filme para público adulto.
Um outro anoitecer, mais uma despedida, ele a caminho da garagem.
Ela em sua sala aguardando que amanhã viesse logo.
E não foi que a energia do quarteirão inteiro acabou?
Mal tinha se dado conta da escuridão e ela sentiu os lábios dele invadindo os dela, mãos de paixão segurando seu rosto e a boca no ouvido confessando:
- Voltei correndo pra poder enfim sentir você!
Santo Deus...
...Que beijo divino...
Dias de devaneios, de olhares perdidos, de frases curtas e atrevidas ao se cruzarem, até que se atreveram a fugir juntos depois do boa noite.
Não precisaram trocar uma palavra, simplesmente seguiram.
A partir dali viram, disseram, fizeram o impensável.
A intensidade do que davam e recebiam fazia com que a troca fosse mais que de fluidos e sensações, e os levava a lugares de onde não queriam mais voltar. Cumplicidade, linguagem dos olhares, sexo quente e perigosamente apaixonado eram passos rumo a um precipício que rondavam ávidos. Mas como havia vida antes daquela que passaram a conhecer dormiam com o passado entediante, acordavam buscando o que não tinham e compensavam através de sua carne o que a rotina lhes roubava.
Quando passou a existir dor fizeram acordos insensatos em respeito a destinos sensatos.
Nunca mais se desprenderam da imensidão daquilo que se desdobrou em ternura.
Ele faz coisas doces...
...Surge no meio de uma tarde de dezembro e deixa uma pequena arvorezinha da qual ela nunca soube cuidar e que adoraria ter de volta para lhe fazer companhia.
Volta do litoral com trançados para o pescoço dela.
E se enternece pelos que ela ama.
Marca presença fugidia nas datas em que só a vida que já existia antes deles pode compartilhar, dá um beijo amoroso e a faz se lembrar de que eles dois são sim, para sempre, ainda que divididos pelas escolhas repletas de sensatez.