terça-feira, 23 de junho de 2009

Cada um com seu cada um.

Ansiosa, sem limites, carente e infantil. Era possível que ela surgisse assim, destemperada.
Em lugar de se inchar num comportamento cruel de quem se vê no controle, ele lhe dá afeto:
liga mais uma vez para dizer boa noite,
lê um trecho de Barthes pela manhã,
recebe com amor os recados de amor,
acalma a insanidade dela com sua doçura. Mal se continham pela distância. Devaneios davam conta de que deixariam marcas um no outro.
Faltava somente encostar pele na pele para ver o efeito.
Sentir o cheiro, o gosto e a força.
Olhar tão fundo nos olhos a ponto de se ver refletido ali.
Era preciso língua, sêmen, suor, mucosas... Ele existe. Ela provou. Deixou de pensar que mãos afoitas em cabelos desmanchados, ou que quase mordidas em pele que se quer penetrar eram apenas cenas de filme. Eles, os dois, existem.

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