quinta-feira, 25 de junho de 2009

Bonsai

Há semanas no mesmo ambiente, correria em salas de uma empresa que entrava no mercado.

Nada pessoal, ninguém em especial, trabalho para manter mente e olhos entretidos por séculos.

Demanda por apoio especializado.

Foi ali.

Reverbera como se fosse hoje aquela fisgada de tantos anos atrás.

Formalmente apresentados e, num instante, os olhos de um e outro se disseram que seria para sempre.

As manhãs, tardes, os turnos seguintes nunca foram tão esperados.

As razões para se envolverem em tarefas comuns se multiplicaram.

Disfarçavam o indisfarçável pedindo pareceres, compartilhando trabalho e errando a entrada de salas para terem o prazer, que fosse, de respirar no mesmo ambiente.

E como acabavam num estalo estes dias que passaram como que em segundos, o boa noite era demorado, com tantas voltas, e com passos de quem não desejava ir embora.

Doces,

irônicos,

delicados,

tinham tudo.

Devassos, eram filme para público adulto.

Um outro anoitecer, mais uma despedida, ele a caminho da garagem.

Ela em sua sala aguardando que amanhã viesse logo.

E não foi que a energia do quarteirão inteiro acabou?

Mal tinha se dado conta da escuridão e ela sentiu os lábios dele invadindo os dela, mãos de paixão segurando seu rosto e a boca no ouvido confessando:

- Voltei correndo pra poder enfim sentir você!

Santo Deus...

...Que beijo divino...

Dias de devaneios, de olhares perdidos, de frases curtas e atrevidas ao se cruzarem, até que se atreveram a fugir juntos depois do boa noite.

Não precisaram trocar uma palavra, simplesmente seguiram.

A partir dali viram, disseram, fizeram o impensável.

A intensidade do que davam e recebiam fazia com que a troca fosse mais que de fluidos e sensações, e os levava a lugares de onde não queriam mais voltar. Cumplicidade, linguagem dos olhares, sexo quente e perigosamente apaixonado eram passos rumo a um precipício que rondavam ávidos. Mas como havia vida antes daquela que passaram a conhecer dormiam com o passado entediante, acordavam buscando o que não tinham e compensavam através de sua carne o que a rotina lhes roubava.

Quando passou a existir dor fizeram acordos insensatos em respeito a destinos sensatos.

Nunca mais se desprenderam da imensidão daquilo que se desdobrou em ternura.

Ele faz coisas doces...

...Surge no meio de uma tarde de dezembro e deixa uma pequena arvorezinha da qual ela nunca soube cuidar e que adoraria ter de volta para lhe fazer companhia.

Volta do litoral com trançados para o pescoço dela.

E se enternece pelos que ela ama.

Marca presença fugidia nas datas em que só a vida que já existia antes deles pode compartilhar, dá um beijo amoroso e a faz se lembrar de que eles dois são sim, para sempre, ainda que divididos pelas escolhas repletas de sensatez.

Um comentário:

  1. Muito Obrigado por vc ter eternizado em palavras tudo o que eu já senti de mais precioso...te amo...

    ResponderExcluir