sexta-feira, 24 de julho de 2009

COLCHÃO DE MOLAS

Éramos muito jovens. Nos apaixonamos quando eu havia acabado de me divorciar. Ficamos juntos 4 anos. Viajámos muito, íamos a todas as festas e boates GLS de BH. Era moda. Bons tempos; final dos 80 e começo dos 90. Uma vez, transamos no banheiro de um galpão na Teresa Cristina, num show da Orquestra Paulista de Soul. Foi muito divertido ver aquela fila de gente quando saimos, mas ninguém estranhava nada. Acontecia tudo em um banheiro; de drogas a sexo. Mas, como eu disse antes, éramos muito jovens. O sexo era muito bom, mas realmente só ficou realmente intenso, quando fiz 30 anos. Aí sim, foi uma loucura. Eu tinha tomado consciência do meu corpo, das minhas necessidades reais e da preocupação com o outro. Mãos, boca, sexo, pele, olhares, cabelo, tudo, tudinho depois dos 30. O orgasmo perdeu um pouco da urgência para dar lugar à uma coisa mais prazerosa e com mais qualidade. Começou a ser importante uma certa elaboração, paciência, calma. Antes não. Quando muito jovem, não me preocupava com o tempo gasto na cama com preliminares, carícias, troca. A satisfação do gôzo era emergencial. Depois não. Ôpa! Espera aí. Vamos com mais calma. Se não tem tempo, melhor não fazer. Eu não queria mais motel, impessoalidade demais. Passei a querer abajures à meia-luz, roupa íntima escolhida para a ocasião, um vinho antes, uma boa música, olhar nos olhos do outro. Sedução. Sentir o coração começar a bater mais rápido, aquele frio no estômago, tirar a roupa com cuidado. É claro que acontece de a fissura e o tesão serem tão preementes que vamos tirando a roupa pela casa afora, e às vezes a transa acontece antes de chegar ao quarto, com parte da roupa que não deu tempo de tirar. Mas o bom mesmo, é a lentidão. A vagareza e um colchão de molas. Um bom colchão de molas e um amante paciente e experiente.

Um comentário:

  1. Muito bom...sexo tem que ser lento mesmo!E com certeza sem tempo para acabar!!!Melhor se durar toda a madrugada!!!Rsss....

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