sexta-feira, 31 de julho de 2009

FLOR DE CÁCTUS

Quando eu perco um amor, é como se minha alma morresse um pouco. Meu coração fica como se passado em um moedor de carnes. Não estilhaçado como vidro quebrado, mas moído, prensado. Eu paro de sentir suas batidas e sinto uma dor que parece ser eterna, infinita, não vai acabar nunca. Mas acaba. Quando eu me apaixono de novo, minha alma volta para mim. Meu coração se recompõe e volta a bater às vezes normal, às vezes descompassado. A dor torna-se um suspirar, um fôlego, uma falta de ar que me pega desprevenida e me tonteia. Então, quando o tenho em meus braços, eu o aperto forte com medo que ele fuja. Abraço apertado, de urso; de urso de pelúcia nos braços de uma criança. Eu beijo seus lábios e renasço, como uma flor que recebe água em um dia seco e ensolarado. Eu sou como uma flor. Mas uma flor de cáctus.

Um comentário:

  1. Cassinha,
    seus textos são os mais femininos que eu já li. Me lembraram Fernanda Young em Efeito Urano (mas Fernanda é dura e áspera demais) e Ana Miranda em Noturnos (mas Ana é mole demais...), só que você vai além. Acho que nem Almodóvar conseguiu expor uma alma feminina com essa intensidade...
    Beijos,
    Jader

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