domingo, 8 de novembro de 2009

MUDANÇAS

"Começaria tudo outra vez, se preciso fosse, meu amor..." (Gonzaguinha)


Adoro essa música, mas não entendo "se preciso fosse".
Você começaria tudo outra vez?

Meu casamento, por exemplo, se voltasse no tempo, não começaria tudo outra vez.
Acho esquisito porque tudo que comecei de novo, deu errado. Tenho aquela estranha sensação de que aquele clichê "figurinha repetida não completa álbum", é fato.
A música é romântica e inspira a recomeçar. Recomeçar o que não deu certo da primeira vez?
Essa lição eu aprendi a duras penas.
Mas sei que uma relação mal resolvida no passado pode nos atrair feito um desafio no presente ou no futuro. É preciso deixar a roupa bem lavada quando terminamos algo, seja amizade ou amor.
Será que se fulano não tivesse casado e tido 2 filhos, eu começaria tudo outra vez?
De jeito nenhum. Dessa vez aprendi que não dá certo mesmo. Do modo mais cruel e surrealista, mas aprendi.
Heráclito disse que ninguém atravessa o mesmo rio duas vezes. São as (m)'águas que passam e deixam o rio diferente, nós mais sábios e enxergando as coisas sob outra perspectiva. Perspectiva essa que me faz compreender, se não deu certo da primeira vez, porque daria da segunda?
Eu pensava que porque tinha mudado, o outro havia mudado também. Não é verdade.
Mudei porque precisei. Foi absolutamente necessário para minha sobrevivência como pessoa.
Mudamos por causas diversas. Perdas familiares, perdas econômicas, perda de rumo e, se o outro não mudou, talvez não tenha precisado.
Recalques não resolvidos, a vontade de querer ser jovem para sempre, mantendo os mesmos hábitos do passado ou simplesmente teimosia, impedem a gente de mudar.
Briguei com uma amiga de mais ou menos 10 anos de conhecimento e ela insiste que foi injustiçada, continua falando para todos que é uma santa e não merecia aquilo. Ela não mudou. Apesar de um afastamento de alguns anos, a reencontrei do mesmo jeito. Começaria de novo a amizade? Não.
Para mudar, é preciso querer. É se sentir infeliz pelo seu modo de agir, é entediar-se com a vida repetitiva que leva, é sentir-se de alguma maneira, fora do contexto e sentir que faz as pessoas a sua volta infelizes e ser infeliz por isso. Reconhecer que está errado.
A mudança exige uma desconstrução daquilo que foi, para o que vai tornar-se. É como se retirasse toda sua pele e nascesse outra por cima.
É doloroso pois quem quer reconhecer que está errado? Quem quer olhar dentro de si e se constatar inadequado? Quem quer se auto-analisar e se assumir como ser humano que depende de outros para viver?
Mas mudar é preciso, pois o mundo muda a cada segundo e não ficamos mais jovens.
Não adianta viajar, cair na balada, tentar novos projetos, se você não se olhar no espelho e se assumir.
"Penso, logo existo" e se existo preciso me adaptar.
O carpe diem não vai te salvar. Não mesmo.
Aí então depois de mudar, talvez, começaria tudo outra vez.

Um comentário:

  1. "Segundos casamentos são o triunfo da esperança sobre a experiência." Samuel Jonhson

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