quinta-feira, 19 de novembro de 2009

ALIENAÇÃO MUSICAL

Tudo começou com um aparelho de MP3 portátil.
Não, antes disso, teve o portátil disc-player, mas sempre foi muito grande para ser carregado.
Agora temos I-Pods, MP4, MP5, e cada um com capacidade cada vez  maior de armazenamento e menor tamanho.
Assim que foi lançado o MP3 portátil, comprei e me custou na época se não me engano, R$512,00, o que acho uma fortuna hoje, pois custa uma merreca no Shopping Oi.
Me senti o máximo, estava me achando! Sou fanática por música e podia sair pela rua com minha própria "trilha sonora".
Depois de usá-lo por vários meses, comecei a reparar que passavam por mim inúmeras pessoas com fones de ouvido e o número era cada vez maior depois que os celulares passaram a competir com os simples aparelhos.
Tive um insight que um dia, não veríamos mais ninguém na rua sem fones, e aquilo me deu um arrepio na nuca, como se fosse um sci-fi de terror e depois do episódio, abandonei o aparelhinho.
Porque?
Me dei conta que estava ficando completamente alienada durante o uso da "coisinha".
Passava pelas pessoas sem vê-las, o trânsito deixou de ser barulhento, amigos me encontravam e com certa resistência eu era "obrigada" a tirar os fones para cumprimentá-los.
Eu que sou uma pessoa tão atenta aos modos e modas, passei a ser uma imbecil alheia às coisas acontecendo à minha volta e desprezando o melhor da vida, que é a diversidade de pessoas, cores, vitrines, o tráfego e acontecimentos banais, mas que fazem o dia da gente ser um pouco mais especial e mais viva à nossa existência.
Hoje, tenho um celular que não é nenhuma maravilha moderna e tem MP3 e rádio que desprezo completamente e nem os fones, possuo.
Escuto música nos bares, restaurantes, recitais, carros e em casa baixinho quando vou dormir e um pouco mais alto quando tenho um "surto" de dançar loucamente com pouca roupa.
Recuso-me a ser um robot andando pela rua e ainda não corro o risco de sair dançando ou cantando alto feito doida (a minha cara) escutando Eminen cantando Shake That (Ass for me).
Quando escrevo de tempos em tempos, escuto Bach no computador, mas na rua já me sinto suficientemente suprida de sons que me fazem pensar ou me irritam.
Foda-se a tecnologia!
Minha "trilha sonora" é muito especial para ser ouvida e me deixar feito zumbi.

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