quarta-feira, 14 de abril de 2010

DO PÓ VIEMOS, AO PÓ VOLTAREMOS.

"A mensagem é simples. Se você já perdeu um dedo, ou é estéril, mais feio do que gostaria, menos alto do que o permissível, explorado pelo sistema, envolvido por amarguras, não tem o suficiente ou tem excesso de insuficiências, se espera e nunca alcança, se alcança o que você não espera, se vem quando não quer e parte quando mais ama, se tudo que reluz não é ouro e a vida não está ao seu alcance é porque você alcançou a vida. Que é, desde sempre, um projeto fracassado. Cada um paga seu preço. Contente-se se o seu não é alto."

O texto acima é do Millôr Fernandes.
Vocês podem ler e achar um tanto pessimista, mas achei uma metáfora da vida real.
Somos eternos insatisfeitos.
Desde a minha depressão - agora estou muito bem, obrigada - fui tratada por algumas pessoas com uma mistura de pena, condescendência, impaciência e algumas vezes, estranheza (cuidado com a doida).
É como se na vida fosse tudo muito previsível e nós humanos, muito normais (menos eu, of course).
Não somos normais.
Alguns de nós somos avarentos, maledicentes, bobocas, exploradores, hipocondríacos, egoístas, generosos demais, ingênuos, maldosos, sinceros, agressivos, reticentes, extrovertidos, alegres, sorumbáticos, sarcásticos, irônicos, inteligentes,  obtusos, interessados e por aí vai.
Quem não tem um amigo pão-duro? Alcóolatra? Debochado?
Somos assim, variados e imperfeitos.
E, graças a imperfeição, somos diversos e únicos.
Pensem bem.
Não existe uma pessoa que tenha a mesma impressão digital e DNA.
Cada um é único não só em aparência e genética, mas em personalidade, comportamento e idiossincrasias.
O que nos faz parecidos, nada mais é que a mortalidade. A única certeza.
Eu acho que o texto do Millôr, embora pareça pessimista, na verdade nos coloca em nosso lugar de meros mortais e nos dá um banho de lógica que faz com que pensemos que a vida pode ser dura para qualquer um. Depende só das nossas escolhas.
Graças a Deus erramos. Sem erro, nada de aprendizado.
Se você quer pensar que você é "normal", comece a observar seus hábitos e manias.
Observe como se comporta em algumas situações cotidianas, ou como se comporta diante das surpresas que aparecem.
Seja sincero (a) e observe.
Se olhar bem de pertinho, vai ver que não tem nada de normal.
Não existe simetria na natureza, mas harmonia.
Conosco também é a mesma coisa.
Sendo assim, não se (pre)ocupem comigo.
Sou forte, saudável, bem resolvida e sim - algumas vezes feliz, outras triste - como todos nós.

E ........... viva a diversidade!

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