Criação e Fotografia: Marina Oliveira.
Vinha andando com aquela preguiça de segunda-feira e na portaria vizinha ao meu trabalho parecia um caos. Todos os funcionários da empresa na calçada, com seus crachás dependurados, uns nos celulares, outros aos cochichos e um carro patrulha da PM com as luzes ligadas em cima da calçada.
Passei por eles curiosa e fui direto ao Café do Átrio tomar meu expresso e lá fico sabendo que certo casal, que costumo encontrar almoçando todos os dias, havia sido o motivo da tal confusão.
O rapaz esfaqueou a namorada e se jogou do terceiro andar. Duas ambulâncias do SAMU vieram em socorro. Me disseram que ele não se machucou como o esperado para quem se atira de um prédio. Entrou na ambulância conversando com paramédicos, polícia e colegas. Ela, vai ficar bem.
Não sei a razão para tal violência (nem quero saber) mas sei que ingenuamente nunca penso que aconteça
Não sei a razão para tal violência (nem quero saber) mas sei que ingenuamente nunca penso que aconteça
algo assim tão próximo a mim. Está nos jornais todos os dias, mas nada é dito na reunião de condomínio.
Se minha vizinha apanha?
Realmente não sei.
Realmente não sei.
Tento manter a ilusão de que essas coisas acontecem longe.
Longe? Aonde??????
Em todos os lugares.
Em todos os lugares.
Nada de novo aconteceu.
Minha pergunta é - como nos acostumamos com a violência do cotidiano de uma maneira tão trivial?
Ainda é quarta-feira e tirando as famílias envolvidas, a notícia já é velha.
Almoço no mesmo café, mas além do livro habitual, agora carrego um pouco de perplexidade e faço o meu pedido ao garçom com um gosto amargo na boca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário